01.
Às vezes vislumbro o suicídio como uma brisa de ar fresco em um deserto escaldante.
02.
A melhor maneira de convencer alguém, por mais errado, absurdo ou mesmo estúpido que seja o que você está defendendo, é convencer a si mesmo antes de que você está correto.
03.
Apenas amadurecem aqueles que conseguem se despir do medo da insignificância e da irrelevância e se assumem com a coragem e a disposição de contemplar a própria miséria.
04.
Quase sempre alguém que diz falar em nome do povo apenas o faz para parecer mais crível e menos egoísta do que na verdade sabe que é.
05.
Nossa apreensão do que chamamos de realidade é sempre, no máximo, uma aproximação bastante distorcida do que esta realmente é. Além de nossa percepção bastante limitada, nossas inclinações sempre enviesam e empobrecem de forma simplória e reducionista a complexidade do que assumimos como ‘real’.
06.
Poucas coisas no mundo são tão superestimadas quanto a inteligência – seja lá o que isso signifique. Para mim, muito mais importante, e também muito mais rara – infelizmente -, é a sensatez. Somos todos loucos. Transformamos a Terra em um grande hospício; sempre que vislumbro um lampejo de sensatez, sinto-me eximiamente encantado.
07.
Quatro palavrinhas bem simples que devemos ter bastante cuidado antes usá-las: nada, tudo, sempre e nunca.
08.
Vivemos em um mundo regido por algoritmos, cada vez mais obcecado e governado pelos grandes números.
09.
Há um falso paradoxo que me encanta, e, talvez por isso, também me espanta: as coisas mais simples são, no fundo, as mais complexas.
10.
Às vezes penso na morte. Penso que isso é algo que (quase?) todos fazemos. Bem… Não sei. E esse não é o ponto aqui. O ponto é que, quando penso na morte, o pensamento normalmente vem acompanhado de uma espécie de angústia. Não obstante, felizmente, quando isso acontece, também penso que, grande parte de minha vida gastei ‘dialogando’ com mortos e, de certa forma (talvez não devesse, mas), isso me conforta.
11.
Nada é capaz de tornar um humano tão perverso quanto acreditar cegamente em algo, que está do lado do bem e contribuindo para melhorar o mundo.
12.
Talvez exista um sentido, um propósito absoluto, final… Mas ele não é acessível ao animal da contradição autoconsciente. Para nós só há ilusões. E, no fim das contas, esta é a única questão, para todos e cada um de nós: quais são as minhas ilusões?
13.
A vida não passa de um mergulho curto, mas bastante intenso, num profundo oceano de mentiras. A covardia é parte da autopreservação. A realidade caótica e sem sentido que nos espreita é esmagadora demais – em alguns casos chega a ser mesmo insuportável – para ser encarada sem subterfúgios.
O Desconstrutor 